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Brincar é uma coisa muito séria!

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Brincar é uma coisa muito séria!

27 Fevereiro 2016


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Fevereiro tem mais um dia para brincar. E que bom que é brincar. A pergunta que mais oiço diariamente é “Clara, podemos brincar?”. O ato de brincar é tão vital como respirar, comer ou dormir. Brincar é, portanto, uma necessidade básica. Preocupam-me(nos) crianças que não brincam. E quando não as vemos brincar, dizemos sempre “deve estar doente!”. A brincadeira pressupõe AÇÃO. A brincadeira é conhecimento, aprendizagem, cooperação, socialização, autoconhecimento, jogo, ludicidade, liberdade (…). Brincar é mesmo uma coisa muito séria! Como diz Álvaro Magalhães “Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor. /Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for./Quero brincar de manhã à noite, seja no que for./Quando for grande, quero ser um brincador.”

 

Brincar não é entreter. Brincar não é distrair. Brincar não é ficar ali. Brincar não é vigiar. Brincar não é perder tempo. Brincar é um direito à sobrevivência. Brincar é relação, partilha, interpretação, comunicação, descoberta do eu, do outro, do mundo e este mundo está povoado de brincadores. Brincar devia ser uma terapêutica para seguir sem interrupções. Mais que 3 vezes ao dia e sem doses recomendadas… reforço, cem doses recomendadas!

 

A atividade lúdica é um camião de aprendizagens. Uma construção feita de megablocos de sensações. Um puzzle de interações, difíceis, mas onde todas se encaixam. Brincar não tem código de barras e todos os relógios do Universo deviam perder os ponteiros na hora de brincar. Na hora de brincar as estrelas deviam adormecer, o sol podia apanhar um escaldão e a terra continuava a girar como um carrocel. Os comandos nunca teriam pilhas e as mães nunca diziam “agora estou a fazer o jantar!”. Porque na hora de brincar, talvez não saibam, as crianças nunca têm fome.

 

Serei sempre defensora dos direitos da criança brincadora. A criança brincadora é livre. A criança brincadora é autónoma. A criança brincadora é alegre. A criança brincadora é inteligente. A criança brincadora é feliz. E um Estado, que passa a vida a brincar, devia dar mais tempo à criança para o fazer, porque brincar é intemporal e também… um Estado de espírito!

 

 

Clara Castela – Educadora