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Família, Maternidade

AMA(menta)R

21 Abril 2016



Não.

 

Este não vai ser mais um texto de fação sobre um, entre muitos, momentos mãe-filho(a).

 

E não.

 

Este também não será mais um texto sobre “como é lindo e fácil e maravilhoso amamentar”.

 

Vai ser, apenas, a minha experiência.

 

E aquilo que, hoje – repito: hoje! – penso sobre o assunto.

 

A maternidade desperta em nós imensas emoções, medos, surpresas e sensações novas.

 

Por isso mesmo conheço de tudo:
* quem dissesse que nunca amamentaria, mas na hora H, quis e conseguiu. E adorou
* quem dissesse que nunca amamentaria e, de facto, nunca amamentou
* quem dissesse que “como é óbvio que sim”, mas depois não conseguiu
* e quem não tinha grande opinião formada e se deixou levar pelo instinto do momento

 

Comigo aconteceu assim…

 

Quando a Matilde nasceu – de cesariana – o leite demorou a subir.

 

Não me assumo fundamentalista em nada na vida, mas da mesma forma que gostaria de ter tido um parto natural (leia-se natural: com epidural!), a verdade é que nunca me tinha passado pela cabeça não dar-lhe de mamar.

 

Por isso, e num estado de paixão absoluta pela minha bebé, confesso que não conseguir dar-lhe logo de mamar foi algo que me deixou um pouco triste.

 

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E as duas primeiras semanas foram duras.

 

 

Aliás, foram para lá de duras!

 

 

Entre leite de suplemento enquanto o meu não subia, uma bebé sôfrega (a Matilde nasceu com 4,1kg), que também não era uma pró na pega e uma mãe com as hormonas desvairadas que sentia que não estava a conseguir dar o melhor à sua bebé… Valeu-nos a calma e a paciência do pai e o truque da chupeta* (que ele próprio decidiu inventar e implementar)… Et voilá: aos poucos, tudo entrou na normalidade.

 

 

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* Já sei que existem por volta de 2 biliões de teorias que tetinas/biberões e chupetas são os maiores inimigos da amamentação e blá blá blá… Mas então cá em casa somos a exceção que confirma a regra. Porque, para além de ter começado a alimentação via biberão, foi ainda na maternidade que a M.  ficou fanzoca da sua chupeta.

 

E, muitas das vezes, quando “a coisa” estava difícil, o pai punha-lhe a chupeta para ela fazer o movimento de sucção e depois tirava “de repente” para ela fazer na maminha e… resultadão.

 

Sempre!!!

Mas, passados 3 meses, a Matilde começou a ter cólicas enquanto mamava.

 

Tinha fome, mas, passados segundos de começar a mamar, começava numa choradeira pegada, contorcia-se toda e ficava vermelha-quase-roxa.

 

Primeiro pensamento de mãe: “Já não tenho leite”

Segundo pensamento de mãe: “O meu leite já não deve estar grande coisa”

 

Esclarecimento da melhor pediatra (do Porto, vá!!!): “São cólicas. A imaturidade do estômago e dos intestinos pode fazer com que quando o leite cai no estômago, provoque dor e o bebé se retraia, mas ao mesmo tempo chore porque tem fome e quer comer. Tem de ter paciência, mãe. Vá parando, vá consolando a sua bebé, mas não desista!”



Foi do demo, para ser o mais sincera possível.

 

Imaginem-se a dar de mamar em exclusivo, ou seja, 5 vezes por dia e, nessas 5 vezes, este filme.

 

Numa palavra: D-E-S-G-A-S-T-A-N-T-E.

 

Dei comigo a pensar que “ah e tal, 3 meses de amamentação já não é mau. Ficamos por aqui e amigas como dantes. Nada é perfeito na vida mesmo…”

 

Mas, mais uma vez, com muita calma e ajuda do pai: prova superada.

 

 

Aos 5 meses, como habitual, lá começámos com a papa e 15 dias depois com a sopa. E, aos 6 meses, a Matilde já fazia duas refeições que não de leite materno.

 

Nessa altura achei que o leite acabaria. Mas vieram os 7 meses, os 8 meses e… Tudo na mesma!

 

 

Então decidi aconselhar-me com a pediatra: não só porque não me fazia sentido (embora respeite essa opção) prolongar muito mais a amamentação, mas também porque já tinha alguma vontade de me voltar a besuntar com um anti-celulítico digno do nome e de não me preocupar se já comi hidratos de carbono ou outras coisas que tais.

 

 

A pediatra partilhou então que não aconselhava às mães “dos seus bebés” que os amamentassem depois destes terem 12 meses. Não que essa opinião se baseasse em algo de muito científico (porque há sempre 1001 estudos a favor e outros 1001 a desfavor), mas na experiência dela, como mãe e pediatra. Por isso, disse-me que aos 9/10 meses seria uma boa altura – se até lá a coisa não se desse naturalmente – para iniciar o desmame.

 

 

E assim foi. Lá nos habituámos – as duas! – a encontrar no biberão a magia daquele momento, tão único e tão especial.

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E encontrámos! 🙂

 

Mas 20 meses depois desta super experiência… Chegou a Marta!

 

E acho que, no que a este tema diz respeito, a única parte parecida com a irmã foi que o leite voltou a demorar a subir.

 

E, assim sendo, lá se iniciou a Marta na vidinha dos “comes&bebes” num mix entre biberão e leite materno. Mas, ao fim de uma semana, já se aguentava em exclusivo com o “meu” leite.

 

E se tudo foi mais fácil, não foi, no entanto, tão prazeroso.

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E porquê?

 

 

A Matilde era um bebé também. Por isso, sobretudo quando estávamos as três sozinhas (a Matilde só foi para a creche depois de fazer os 2 anos!), amamentar a Marta revelava-se tudo menos fácil.

 

Era nesses momentos que a Matilde se lembrava de fazer os maiores disparates. Para terem noção de como ela adorava “cortar o barato” daqueles meus momentos com a Marta – e dos ciúmes que sentia, claro – posso dizer-vos que até pasta de água (sim, leram bem. Essa mesmo que se utiliza na muda da fralda!) a Matilde comeu, para chamar a minha atenção.

 

Uns meses mais tarde, com a Matilde a iniciar-se na escola, começou a ser difícil gerir horários. Era hora de ir levar a Matilde, mas a Marta estaria a acordar para mamar. A hora do lanche da Marta coincidia, a maior parte das vezes, com a hora a que eu me tinha proposto ir buscar a Matilde nos primeiros tempos de escola. E o jantar da Marta andava a par da hora do banho da Matilde. Já para não falar no início do desfralde da Matilde (ora imaginem-se lá a amamentar a mais nova com a mais velha a – ups! – fazer xixi no chão ali mesmo à vossa frente…).

 

E se o leite e a minha vontade lá foram resistindo a todo este “fandango”, uma laringite da Matilde que se transformou numa bronquiolite da Marta, com noites atrás de noites mal dormidas, com duas crianças a respirar mal e a tossir de minuto a minuto, foram a gota – não de água mas de leite – que faltava para o meu leite acabar.

 
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Assim.

 

Abruptamente.

 

Como podem ver, uma mesma pessoa/mãe, pode ter sentimentos e vontades muito diferentes perante uma mesma situação/momento.

 

O que quero então, na verdade, dizer-vos com isto?

 

Que sim, que até concordo com o sem número de guidelines que nos dizem que nos primeiros 6 meses de vida de um ser humano, o melhor alimento para lhe dar é o leite materno.

 

Mas que não me sinto pior mãe da Marta do que da Matilde só porque a amamentei menos tempo e, quiçá, a retirar menos prazer daquele momento.

 

Nem eu, nem tão pouco todas as mães que não quiseram ou não conseguiram amamentar os seus filhos.

 

 

Porquê?

 

 

Porque no início das suas vidas, e para sempre, o que os nossos filhos mais precisam é de sentir o nosso AMOR.

 

Venha ele em forma de leite materno, de colo, de co-sleeping ou de um NÃO no devido momento.

 

 

Por isso, não me canso de repetir: informem-se, leiam, ouçam experiências, mas… sigam os vossos instintos.

 

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Diz que, não ligando o complicómetro,
toda a mãe sabe sempre
o que é melhor para os seus filhos!