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A, B, C da introdução alimentar no 1º ano do bebé

13 Setembro 2018

Sabe-se que o leite materno é o alimento preferível nos primeiros seis meses de vida. Associa a um menor risco de otites, gastroenterites, infeções respiratórias, alergias de pele, asma, obesidade ou diabetes. A partir dos seis meses, a alimentação exclusiva de leite passa a ser insuficiente para preencher as necessidades energéticas, proteicas e de micronutrientes para o crescimento do bebé.

Aos 4 meses, o bebé ganha uma maior estabilidade do pescoço e maior capacidade de sucção. A diversificação alimentar consiste na introdução progressiva de alimentos até à inserção da criança na dieta familiar, que deverá ocorrer pelos 12 meses de idade. A introdução de alimentos que não o leite não deve ocorrer precocemente, ou seja, nunca antes dos 4 meses e preferivelmente pelos 6 meses de idade.

As dietas da grávida e da mãe que amamenta devem ser equilibradas e variadas e não pouco calóricas ou restritivas.

Este texto não pretende ser uma imposição para ninguém. Pretende apenas dar linhas de orientação, que devem ser adaptadas a cada família, a cada casa, a cada cultura.

Purés de legumes

As sopas são muito ricas em hidratos de carbono, proteínas e micronutrientes. Cada vez é mais consensual começar a diversificação alimentar aos 5-6 meses com um puré de legumes. Eu costumo recomendar a sigla A, B e C: abóbora, batata e cenoura.

A batata, a cenoura, a abóbora, a cebola, o alho, o alho francês, a alface, a curgete, o brócolo e a couve branca são os mais utilizados para o começo desta refeição.

O espinafre, o nabo, a nabiça, a beterraba e o aipo têm elevado teor de nitrato e fitato e só deverão ser introduzidos a partir dos 9-12 meses de idade.

Dada a importância da gordura no crescimento do cérebro, adicionar 5 -7,5 ml de azeite em cru a cada dose de puré ou caldo de legumes.

As papas são refeições calóricas, ricas em hidratos de carbono e enriquecidas em ferro.

Pode ser dada como primeira refeição, introduzida em alternativa à sopa. As primeiras papas poderão ser de milho ou arroz ou ainda com fruta. A introdução de glúten (presente em cereais como o trigo, centeio, cevada ou misturas) não deve ser feita antes dos 4 nem após os 7 meses, por risco aumentado de alergias. Há papas que já têm leite em si e a que se junta água e outras, não lácteas, em que se adiciona leite materno ou leite artificial.

Carne e peixe

A ingestão elevada de proteínas tem sido associada a um risco maior de obesidade. A introdução de proteína animal (carne e peixe) deve iniciar-se aos 6 meses no caldo/puré de legumes, com porções de 10g e aumentando gradualmente até atingir cerca de 25-30g de carne ou peixe por dia, numa refeição ou dividida por 2 sopas. A carne geralmente inicia-se progressivamente com aves (peru ou frango), borrego, coelho e finalmente vitela. Os peixes iniciais devem ser magros (pescada, linguado, solha ou faneca). O salmão, atum, sardinha deverão ser introduzidos depois dos 10 meses.

Ovo

A gema deve ser introduzida a partir do 9º mês na sopa, de uma forma lenta (1/2 gema /refeição/ semana durante 2-3 semanas, seguida de 1 gema refeição semana 2-3 semanas). A gema deve substituir a carne ou o peixe oferecido na sopa. A clara pode ser introduzida após os 10 meses.

Arroz e massa

Adicionados após os 8-9 meses, cozidos sempre com legumes.

Leguminosas

As leguminosas secas, como o feijão, a ervilha, a fava, a lentilha e o grão podem começar-se aos 10 meses.

Frutas

As primeiras frutas introduzidas poderão ser a banana, pera e a maçã, estas últimas duas cozidas sem adição de açúcar ou raladas, cruas. Posteriormente pode adicionar-se papaia, manga, abacate, melão, meloa, melancia, uvas, diospiro, entre outros.

Durante o primeiro ano devem ser evitados os frutos potencialmente alergénicos como frutos vermelhos, kiwi e maracujá.

Iogurte

A partir dos 6 meses, há iogurtes de leite adaptado que podem ser oferecidos. A introdução de iogurte natural deve ser feita por volta dos 9 meses num lanche, em alternativa ao leite ou papa. Deve ser natural, sem aromas nem quaisquer aditivos.

Leite de vaca em natureza

O leite de vaca em natureza não deve ser usado pelo menos no primeiro ano de vida, sendo mesmo desejável a utilização de “leites de crescimento” para além dos 12 meses e até aos 24 a 36 meses de vida, pela quantidade de proteínas e gordura que o leite de vaca em natureza contém.

Sal

O sal é um aditivo alimentar pelo que não é recomendada a sua inclusão nos preparados culinários durante o primeiro ano de vida. As ervas aromáticas podem ser usadas.

Bom apetite!

Mónica Cró Braz

Pediatra, Hospital CUF Descobertas

Recomendações adaptadas da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Sociedade Americana de Pediatria e Sociedade Europeia de Gastrenterologia, Hepatologia e Nutrição